Eu lembro-me como se fosse hoje: eu tinha por volta de 7 anos de idade e me unia aos meus amiguinhos de rua e de colégio para nadar. Íamos pagando mico pelo caminho, saímos de touca na cabeça e tudo era muito divertido.
Na natação aprendíamos a cuidar de nós e dos outros, crescíamos mais saudáveis, não importava se chuva ou sol, frio ou calor.
Já adolescente, eu era da turma do treinamento e foi uma vitória para nós a medalha de prata ganha por Gustavo Borges nas Olimpíadas de 1992. Estávamos no Ginásio do Tejereba, uma piscina municipal, sem custos, e cada um que chegava queria saber: Você viu? É PRATAAAAAAA!!!!
O tempo nos distanciou, cada um seguiu seu caminho, voltamos a nos encontrar na Internet, via Orkut: sim, alguém criou uma comunidade: “ Eu já nadei no Tejereba!!” E parecia novamente 1992, parecia que nos víamos todos os dias, que havíamos conversado a respeito quando Cesar Ciello foi ouro. Em todos os perfis haviam fotos e vídeos e a mensagem: É OUROOOOOO!!! As piscinas são nossas!!!!
A gente treinou muito, a piscina, os amigos tudo se construiu em torno da natação. Não importava o time de futebol, a história ou o caminho, naquele dia o esporte, mas precisamente a natação, levava-nos de volta ao mesmo ponto de partida.
Outro exemplo bom é o vôlei de praia, o Guarujá sempre recebeu etapas dos circuitos e reuníamos todos os amigos para sairmos de casa de madrugada, ganhar camiseta e estar nas arenas na praia, vimos de perto Franco e Roberto Lopes, Anjinho e Loyola... torcemos sem saber de nada, valia estar com a galera, ver todos no mesmo ritmo e de quebra sair ardendo do sol. Quando fui escalada ano passado para trabalhar, pela fiscalização, no circuito, fiquei triste: estava vazio. Não houve divulgação! As poucas crianças que ali estavam era porque uma professora da escola ao lado havia levado por sua conta e risco.
Aquelas crianças do terceiro ano primário estavam estonteantes, com brilho no olhar, batiam o pé na arquibancada e gritavam: Brasil, Brasil!!!! Ouvimos um menininho falando pro outro: “ Como faz ponto nisso?” outro: “ Você conhece algum jogador do Brasil?” Resposta: A Leila, mas foi com Franco que fizeram a festa, a cada ponto o cearense corria pras crianças e dizia: “ Aeeeee!!! Vamos Garoto!!! “ A molecada ficava alucinada.
Todavia, quem fez a diferença foi a Larissa, que na oportunidade, sem Juliana jogava com a Vivian, na semi-final, acho que toda a escola estava lá na arena, lotada de pequeninos torcedores. Depois de gritarem muito pelo Brasil, na saída uma professora fez aquela tradicional fila, observamos que ela pediu para que esperassem, foi quando veio a Larissa, a professora a chamou e ela tirou foto com todas as crianças.
Essas e outras histórias só pode contar quem viveu, não me parece difícil dar as crianças oportunidades de ver o mundo com outros olhos, de fazer parte, de construir sua própria história com muitos capítulos e não um único, sem cor e sem novidade, ou devíamos dizer sem saúde?
O esporte transforma a sociedade. Você duvida?
Este pequeno conto está hoje disponível num lindo Blog amigo, o Canto de Contar Contos, no mês de aniversário do Blog, fomos convidados a dividir nossas histórias, Cris, obrigada pelo convite e pela amizade. Desculpe a ausência de vez enquando.
Amigos, todos vocês, lindos e apaixonantes: o esporte derruba várias barreiras e nos proporciona muitas emoções, é muito mais do que a paixão pelo time do coração.
Bom final de semana!!!
5 comentários:
Bom dia Rafaela.
Vim do "Canto de Contar Contos"
Gostei muito do post e me fez relembrar meus tempos de esportista.
Como disse lá, concordo que o esporte transforma, disciplina, afasta de drogas, sem falar que é pura saúde do corpo e mente.
Parabéns pelo blog.
Xeros!
Nem tem mais o que dizer, Rafa, você foi perfeita no post, é isso mesmo!
Um dos dias mais importantes da minha juventude foi quando o pessoal da classe, na quinta série em 1985, me escolheu para fazer parte do time de futsal para as Olimpíadas do colégio (Dante Alighieri, em SP), e no primeiro jogo do campeonato eu marquei o único gol do nosso time! Acho que eu não tinha vivido ainda um dia tão glorioso como aquele, no seleto grupo dos jogadores da classe e marcando gol!! Me arrisco a dizer que meu amor pelo esporte cresceu e permaneceu em mim após aquele dia, quando senti o sabor de vencer e ser reconhecido, ser o herói por um dia...
O esporte é uma delícia, faz bem ao corpo e à mente.
Grande abraço, e um ótimo final de semana!
Adriano
Muito bom e importante seu post, parabéns. Te convido a rir no dia de humor la no blog.
Abraços
Jeferson
o esporte abre portas e muda vidas.concordo com vc.disciplina, convivência social, respeito e cidadania são apenas alguns benefícios para que se dedica a prática de esportes.
lindo fim de semana p vc!
Olá!
Quanta sensibilidade!
Lindo texto!
Identifiquei-me,pois fazia natação aos 0 anos de idade e jogava volei(mal) com os meus amigos de infância.
Esporte é vida,interatividade e nos ensina a respeitar limites e valores.
Abraço!
Carol Sakurá
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