Vôlei de praia - ouro e prata na Rússia e parcerias

Eu me lembro bem a cara do meu ex-parceiro, do meu antigo serviço no dia em que saiu a minha nomeação no Tribunal de Justiça, ele sabia que era uma questão de tempo tendo em vista eu já estar aprovada, mas como demorou 2 anos para se tornar realidade, nem eu nem ele acreditávamos mais, não havíamos trabalhados juntos naquela manhã, nos encontramos ao meio-dia e eu o chamei e disse: “ Saiu a minha nomeação!”

Ele ficou sem palavras e quando se recompôs disse: “ Eu sei que é melhor para você, que você estava esperando por isso, mas eu fico triste!” Como eu vou ficar por aqui sozinho?

E assim eu acredito que seja igual em qualquer parceria bem sucedida no campo profissional, é preciso “feeling” e liga. Podemos chamar de “feeling” a sintonia, alguma coisa que une os parceiros nos defeitos e nas qualidades, na superação das dificuldades, no perdão dos aborrecimentos das horas difíceis e na divisão das lutas do dia a dia. Já liga, é algo que se completa, o sentido de ser uma equipe com tudo o que se precisa ter, afinal se há uma união de forças é porque um é bom numa coisa e outro noutra e tudo isso tem que estar ligado de forma perfeita para dar certo.

Por isso que vemos alguns times de futebol cheios de craque, mas nada vitoriosos, falta liga. Vemos outros em que tudo é motivo de confusão, de briga, de ficar de mal ou de se separar mesmo. Falta “feeling”.

Nesta semana houve troca a troca de duplas no vôlei de praia, fruto de uma busca que visa muito mais do que sucesso, deseja feeling e liga. Depois vem o trabalho e as estratégias. Quem não deseja o conjunto e a história vitoriosa construída por Ricardo/ Emanuel; Adriana Behar / Shelda; Franco/ Roberto Lopes e Juliana/ Larissa entre outros. Foi emocionante ver Larissa esperar Juliana se recuperar da contusão, oferecer o título a amiga – parceira. Depois, já de volta, Juliana dividiu com todos o quanto foi importante o incentivo de sua dupla para que se recuperasse, Larissa acreditou o tempo todo no sucesso das duas e de que juntas ainda iriam aos Jogos Olímpicos.

O futebol tem pelo menos 11 pessoas, com os reservas chega a ter aproximadamente 30, mas mesmo assim podemos ouvir histórias de parceiros. Quem teve a oportunidade de ler o livro do goleiro Rogério Ceni – Maior idade, se divertiu com as histórias do goleiro e do zagueiro Lugano, os dois ficaram muito amigos, entre as passagens é possível ler sobre o dia que foram juntos e disfarçados para o show do U2, se incentivam mutuamente até hoje.

Tudo isso é só pra dizer que a torcida brasileira deseja que nossas duplas masculinas encontrem as parcerias ideais, Alison/ Emanuel parece estar consolidada, acreditávamos que a outra vaga ficaria para a dupla Márcio/ Ricardo ou Cunha/ Solbeg, mas ninguém sabe mais como será, primeiro porque a CBV classificará individualmente, segundo porque a situação de Solberg é incerta e terceiro porque não sabemos como as novas duplas se comportarão na hora do jogo. Apesar de ter questionado a posição de Pedro Solberg quanto as duplas que já formou, desejamos o melhor para ele e que a verdade apareça.

Quanto a mim, até hoje sinto falta do meu parceiro, noutro dia cheguei em casa e liguei para ele, só pra conversar, foram 5 anos de equipe, brigamos, rimos e enfrentamos muita coisa juntos, hoje minha realidade é totalmente outra, não tem comparação. Os lugares são diferentes, o clima, as pessoas, mesmo assim criamos outros laços. 

Nunca é demais repetir que além de tudo para dar certo a parceira pede muito trabalho, dessa forma Juliana/ Larissa foram prata e Alison/ Emanuel ouro na Rússia no último final de semana, mesmo que você tenha talento, liga feeling, amizade, vontade, blá, blá, blá... se não trabalhar duro, isso não fará muita diferença. 

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