25 de agosto de 2012

Muito Prazer: o estatístico de ouro

'Sou um privilegiado, fico envaidecido com tudo isso', diz Boni.
Há exatos 15 dias, estavámos nós comemorando o bicampeonato olímpico da seleção feminina de vôlei! Um 3x1 de virada, para cima das poderosas norte-americanas e um sentimento de superação super bacana com as nossas meninas!

No entanto, com os holofotes todos voltados para as jogadoras e para o técnico Bernardinho, um notável trabalho quase passa despercebido: o da estatística, dirigido por Marco Antônio Di Bonifácio, o Boni, formado em educação física, mestre e doutorando da USP.

A matéria foi produzida por Cleber Akamine, do Globo Esporte.com, e por mostrar o vôlei de um ângulo totalmente diferente, compartilho alguns trechos para que aqueles que ainda não conferiram possam perceber a importância de Boni na conquista da medalha em Londres.

Ao lado do técnico José Roberto Guimarães desde 2007 (também foi campeão em Pequim-2008), é ele o responsável por colher os dados estatísticos da equipe e também das adversárias. Quem saca melhor? Quem defende pior? Onde a ponteira costuma bater a bola? Quem é a atacante mais acionada?

- As norte-americanas eram favoritas ao título, mas a gente sabia que poderia ganhar delas. A gente tinha que fazer algo diferente para vencê-las. Depois de muitos vídeos, muitas análises, observamos que as americanas perderam para a Alemanha na Copa do Mundo porque as alemãs adotaram um jeito diferente do que a gente vinha usando.

O assistente técnico revelou um dos 'segredos' da final olímpica.

- Antes, a gente sacava na Larson e até na Logan Tom. E não adiantava. Além de elas passarem muito bem, a bola era muito rápida. Então, passamos a forçar o saque na líbero delas, que não estava tão bem, e tinha um passe um pouco mais alto (lento). Isso acabou facilitando a ação do nosso bloqueio e também da nossa defesa - comentou o estatístico, que durante os jogos fica no fundo da quadra, filmando as partidas e anotando tudo em um notebook, nos mínimos detalhes - as informações são transmitidas em tempo real para os auxiliares, que ficam com um tablet, no banco de reservas.

Boni trabalha antes, durante e depois dos jogos. Durante toda a fase de preparação, por exemplo, as atletas assistem a várias partidas das adversárias.

- Antes de cada jogo, costumamos fazer duas ou três sessões de vídeo. Algumas seleções, como a dos Estados Unidos, a gente já tinha referências de como as atacantes atuam e qual a maior incidência e direcionamento de ataque que elas possuem. Isso, desde Saquarema (local de treinamentos da seleção no Rio de Janeiro).

Amigo de José Roberto Guimarães, Marco Antônio Di Bonifácio foi convidado pelo próprio treinador para integrar a equipe que estava sendo montada para a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

- Quando o Zé me chamou para participar da comissão técnica, eu nunca tinha mexido com estatística ou com computação. Ele queria uma pessoa que fizesse uma análise estatística da equipe, e não somente um número frio. Tive que aprender muito rápido. Ele chegou para mim no ano olímpico, e queria que eu estivesse o tempo todo junto. Eu pensei, ótimo.

O assistente chegou a questionar o treinador.

- A primeira pergunta que eu fiz foi a seguinte: ‘você acha que eu sou capaz?’. Ele disse ‘eu acredito, por tudo o que você faz e pelos desafios que você já enfrentou. Acredito que você tenha competência para assumir isso e aprender'. Pronto. Em 45 dias eu me tornei um estatístico e na minha primeira Olimpíada fomos campeões. Sou um privilegiado e fico envaidecido com tudo isso.

 A entrevista completa com Boni pode ser conferida através deste link.

Um comentário:

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