26 de julho de 2009

Fizeram a gente acreditar que amor


Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, e geralmente antes dos 30 anos.
Não contaram que o amor não é acionado nem chega com hora marcada.

Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.

Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo.

Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era o que funcionava.

Não nos contaram que isso tem nome: anulação.
Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto.
Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.

Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo prá gente.
Cada um vai ter que descobrir sozinho.
E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz, e se apaixonar por alguém.

Marta Medeiros (RS)
Imagem: www.semfronteiras.blogspot.com

3 comentários:

Priscila Rôde disse...

Adoro esse texto dela, já li várias vezes e não me canso. Adoro! Beijos

Cris França disse...

ela é fabulosa e este texto uma grande verdade na qual a gente não para pra pensar. bjão

Regina disse...

Esse texto é o meu grito de guerra! rsrs... Adoro, já postei lá no Devaneios...

Beijos!!!